A Primeira Biblioteca Pública do Brasil e da América Latina


A Biblioteca Pública do Estado da Bahia (BPEB), também conhecida como Biblioteca Central dos Barris, foi a primeira biblioteca pública da América Latina. Criada por Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco teve sua inauguração no ano de 1811. Neste estudo veremos a história e a importância da BPEB para a cultura e o conhecimento, tanto para o estado da Bahia como para o Brasil.

História da Biblioteca

A Biblioteca Pública da Bahia, que fica no bairro dos Barris, em Salvador, completou neste ano de 2020, exatos 209 anos que foi fundada. Ela foi a primeira biblioteca pública do Brasil e da América Latina e durante esses mais de dois séculos vem servindo não só como um local para pesquisas estudantis, mas também como um espaço que guarda registros valiosos da história. No ano de 1912, quando funcionava no Palácio do Governo, sofreu um bombardeio que destruiu o palácio e reduziu o acervo a  300 exemplares.
O coronel Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco (morador que deu nome ao Solar Ferrão) idealizou a criação da biblioteca, cuja autorização para criação veio com o documento assinado em 13 de maio de 1811 por dom Marcos de Noronha e Brito, o VIII Conde dos Arcos. No mesmo ano, foi aberta ao público com cerca de 3 mil livros e seis funcionários no dia 4 de agosto. Desse ano até 1900, ela funcionou na antiga livraria da Igreja dos Jesuítas (posterior Catedral Basílica de Salvador). Foi transferida para mais quatro sedes até ser instalada no prédio da rua General Labatut, nos Barris, em 1970.

 Biblioteca Central chega aos Barris em 1970

Em 1968, o governo desapropria terreno na Rua General Labatut, no bairro dos Barris, e abre Concurso Nacional de Projetos através do Instituto dos Arquitetos do Brasil, visando construir novo espaço, mais moderno e funcional para a biblioteca. 69 projetos de todo o País participam da seleção, mas apenas quatro classificam-se como finalistas.
O júri fora composto pelos arquitetos Acácio Gil Borsoi, Paulo Antunes Ribeiro e Marcos Konder Neto e pela bibliotecária Adalgisa Moniz de Aragão, conta ainda com o arquiteto consultor Walter Velloso Gordilho e o professor Nelson de Souza Sampaio. O vencedor é o projeto dos arquitetos Ulrico Zurcher, Enrique Alvarez, Rodrigo Pontual.
Concluída a construção nos Barris em 15 de setembro de 1970, as portas da Biblioteca na Praça Municipal são fechadas. Abandonada é, por fim, demolida por implosão juntamente com as edificações da Cadeia Pública e da Imprensa Oficial, situadas na mesma área. Do antigo prédio resta unicamente a porta principal, testemunho artístico de uma época. No local é construído um jardim, popularmente conhecido como Jardim de Sucupira, em alusão ao folhetim novelesco O bem amado, de Dias Gomes. Mais adiante, sob projeto do arquiteto Lelé Filgueiras, é edificado o prédio que abriga atualmente a Prefeitura Municipal de Salvador.
Finalmente, em 5 de novembro de 1970, Dia Nacional da Cultura e data do nascimento de Ruy Barbosa, é inaugurada a Biblioteca Central do Estado da Bahia, em ato solene presidido pelo governador Luiz Viana Filho, com presença de autoridades, políticos e intelectuais.

Acervo


A Biblioteca Pública da Bahia tem um acervo de mais de 600 mil itens. As obras, que são de todos os gêneros estão disponíveis para pesquisa, referência ou até mesmo empréstimo.Todo este acervo foi sendo colecionado ao longo de 200 anos. A inauguração da biblioteca foi no dia 13 de maio de 1811. A data escolhida em homenagem ao aniversário do príncipe regente Dom João VI. O discurso de inauguração virou livro. A edição original é guardada no setor de obras raras e valiosas.
Há muitos outros livros que datam não só da época da fundação. Um dos mais antigos é de 1585, que fala sobre o uso de plantas na cura de doenças. A obra está escrita em italiano e impressa em papel artesanal. Um outro livro que trata sobre os oito anos do governo de Maurício de Nassau no Brasil é de 1647, e foi escrito em latim.
O local tem também o setor de livros infantis e um espaço onde o silêncio não é obrigatório. É onde fica o acervo em braile. São seis mil títulos e a leitura vem de outra forma: pela voz alta de voluntários.
A partir de setembro de 1980, a Fundação Cultural do Estado ocupa espaços importantes, abrigando todas as coordenadorias no 3º andar e no subsolo do prédio, descaracterizando o atendimento ao público leitor, que encontra salas reduzidas.
Controvérsias à parte, vale ressaltar que o milenar termo latino “biblioteca”, originalmente, tinha como conceito ser um “depósito de livros”. Contemporaneamente, como se diria de uma usina produtora de conhecimento em espaço multicultural, foi redefinida para “ambiente físico ou virtual destinado à coleção de informações com a finalidade de auxiliar pesquisas e trabalhos escolares ou para praticar o hábito de leitura, seja em material impresso em papel ou digitalizado e armazenado em outros tipos de suportes, como fitas VHS, CD, DVD, arquivos ou bancos de dados em Pdf ou Doc”.
Além de contemplar exposições e lançamentos de publicações, atualmente a Biblioteca Central é subordinada à Fundação Pedro Calmon. Em 2015, cerca de 67 mil pessoas visitaram o espaço de leitura.

Comemoração dos 200 anos de fundação

No ano de 2011 foram comemorados os seus 200 anos de funcionamento com uma série de atividades durante todo o dia, entre palestras, apresentações artístico-culturais e lançamento de livro. A biblioteca encerrou a programação com um recital de poesia com a atriz e poetisa Elisa Lucinda e um show com os músicos Saulo Fernandes, Magary Lord, Peu Meurray e Larissa Luz.
Atualmente a biblioteca conta com  120 mil livros, duas salas de cinema (Walter da Silveira e Alexandre Robato), a galeria Pierre Verger, o Teatro Espaço Xis, biblioteca infantil, a Diretoria de Imagem e Som da Bahia, um acervo de 600 mil jornais e um restaurante. Possui ainda  um setor de Obras Raras e Valiosas, Braille, Áudio-visual e Mapoteca. 

Para saber mais sobre a BPEB visite o site: bibliotecapublicafpc.blogspot.com.br.


Estudo realizado por Jonatã da Silva Higino, aluno de Graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal da Paraíba.

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